Análise do filme Mad Max: Fury Road

Mad Max: Fury Road é uma obra-prima do gênero de ação, um gênero que há muito tempo está esquecido nos EUA num futuro distópico onde os efeitos em CGI em demasia tomaram conta do sistema tradicional que caracteriza o gênero de ação no país, o reinventando e ditando regras afim de canalizar toda a hiperatividade e criatividade numa única ideia, acomodando mentes e alienando emoções. O gênero de ação teve seu auge nos EUA na década de 1970 até ao final de 1990 que a partir daí houve um declínio não na popularidade mas na qualidade dos filmes, tudo isso por causa das facilidades proporcionadas pelos os efeitos em CGI e também pela aceitação social propagada pela cultura New Age, juntamente com a geração videogame que acompanha.

Pensando desta forma negativa, condicionado ao meio e sendo um fruto dos novos tempos, nunca pensaria em ver novamente um filme de ação desta magnitude sendo realizado nos EUA. O público se esqueceu de como é assistir um filme de ação sem plasticidades com pouca informação visual e possuindo cenas limpas, grandiosas e impactantes, sem apelar para a poluição visual. Cerca de 80% do filme foi realizado com efeitos práticos. Mad Max: Fury Road foi concebido pelo visionário George Miller, a mente criativa de toda a franquia que começou em 1979, um gênio meticuloso quando o assunto é filmes de ação.


Para ser realizado, a produção passou por uma verdadeira odisseia homérica, George Miller pagou o preço por evitar ao máximo os recursos em computação gráfica. O filme foi filmado no deserto da Namíbia por causa de uma chuva que fez com que o deserto australiano fosse reflorestado, uma decepção para o autor australiano que queria conceber o filme em sua terra natal, um lugar onde os três filmes anteriores da franquia Mad Max foram filmados. Outra grande sacada revolucionária de Miller foi dizer não aos produtores do filme, eles queriam recontar a origem de Max Rockatansky, de como ele se tornou um road warrior, fazendo um reboot do primeiro filme da franquia, algo que enfureceu George Miller que não queria desrespeitar a personagem e muito menos menosprezar a capacidade de entendimento dos fãs da franquia. Ele queria algo novo, uma nova história que se passava neste universo

O filme foca nos mesmos temas proféticos dos outros três filmes, num futuro distópico a falta de combustíveis fósseis e água levará o mundo ao apocalipse que extinguirá a raça humana, a única mudança foi inserir neste contexto a infertilidade representada pelas belas esposas do vilão Immortal Joe (Hugh Keays-Byrne), que levam consigo os seus filhos no útero. A história do filme é bem rudimentar e simplória seguindo a proposta da franquia, aqui não há reflexões filosóficas que acompanham temas pós-apocalípticos, isto faz com que haja espaço para a ação desenfreada, retratando todo caos e a loucura destes tempos escatológicos, a selvageria está instalada e a batalha pela sobrevivência é a única coisa que importa. George Miller concebeu uma grandiosa ópera rock personificando e exagerando todos os seus conceitos, como ambientação e figurinos.


O elenco do filme se rendeu à loucura de George Miller depois de várias intrigas e brigas, principalmente com os atores que fazem os protagonistas do filme. Miller teve que ter paciência, determinação e comprometimento para tirar dos atores atuações que ele apenas poderia explicar com o filme pronto, algo que frustava Charlize Theron (Imperadora Furiosa)  e Tom Hardy (Max Rockatansky) que não estavam acostumados a trabalhar com um cineasta que possui características peculiares de um visionário.

Mad Max: Fury Road é uma ode ao gênero de ação e uma revolução na industria cinematográfica isso se ela for esperta para enxergar a grandiosidade do seu conceito nostálgico, mas infelizmente não deve ser uma revolução com um peso ideológico considerável porque o filme foge da zona de conforto estabelecida pelos estúdios e que é muito bem aceito pelo grande público, que está acostumado com conceitos banais e efêmeros permeados por contextos e subterfúgios fúteis.

Infelizmente Mad Max: Fury Road não será aquele filme a ser imitado e estudado pelos realizadores de blockbusters porque ele não se encaixa nos padrões econômicos que visa o entretenimento por impulso. Mad Max: Fury Road será com certeza um clássico absoluto do gênero que fará milhares de novos fãs pelo o mundo afora mas que infelizmente será esquecido pelo o ''frenesi geek'' no próximo lançamento de algum filme de super-herói.



Sobre o autor:

Leandro Godoy é o criador, editor chefe e escritor do site Cinema e Fúria. Também é escritor do site Obvious. Gosta dos mais malucos exploitations, aos cultuados filmes de arte até ao mainstream do cinemão pipoca. Seus outros interesses são: odontologia, literatura e música.
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