O Homem de Palha (Robin Hardy, 1973)


                                                                                        TRAILER:


Direção: Robin Hardy
Roteiro: Anthony Shaffer
Gênero: Fantasia, Horror
País: Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte

Sinopse: O policial Neil Howie, chega à ilha de Summerisle, na costa escocesa, com a missão de investigar o desaparecimento de uma jovem. Os habitantes da ilha, no entanto, não parecem dispostos a colaborar. Todos, inclusive a mãe da menina, negam que ela exista ou que tenham ligado para a polícia e relatado o crime. Quanto mais Howie, procura, mais se confunde. Para piorar, revela-se diante dele uma comunidade pagã, cheia de amor livre e folclores celtas, que vai contra tudo aquilo em que o religioso e conservador policial acredita.

Análise:

O filme Inglês escrito por Anthony Shaffer, que também foi o roteirista dos geniais Trama Diabólica e Frenesi, é uma experiência divina nos termos catastróficos que apenas as antigas religiões pagãs europeias conseguem transmitir de forma fascinante, única e diferente. A trama do filme tem início com o misterioso desaparecimento de uma criança na remota ilha de Summerisle, localizada na costa escocesa. Então, o investigador Neil Howie, interpretado pelo o ator de teatro Edward Woodward depois que Peter Cushing recusou o papel, recebe a missão de investigar o caso, interrogando toda a enigmática comunidade na qual a menina pertencia, entrando numa espiral de suspense e mistério que o conduzirá a um final surpreendente.

Logo, o policial, percebe que a comunidade eremita da remota ilha é regida por antigas religiões de povos druidas antes da chegada do cristianismo, isto o instiga já que ele é um puritano e cristão fervoroso. O filme faz uma magistral analogia da tolerância cristã com certas religiões consideradas pagãs que é e sempre será atemporal, mesmo séculos após as cruzadas. Os cristãos mais fervorosos ainda acreditam que o paganismo é o grande mal responsável por todos os impropérios e misérias da humanidade, e que a salvação do mundo, está na aceitação da existência de Jesus Cristo e do poder da igreja cristã. De acordo com o policial Neil Howie, julgando que todos da ilha são vítimas da perdição ocasionadas por crenças primitivas, a religião cristã é a única salvação de Summerisle.

A ilha é regida pelo o magnata Lord Summerisle, impecavelmente interpretado por Christopher Lee, talvez uma de suas melhores interpretações, o ator não recebeu nada para fazer o filme e disse que apenas o fez por amor a arte, já que o orçamento do filme não daria para bancar seu cachê. O pai de Lord Summerisle fundou a ilha, ele e outros eremitas, encontraram neste inóspito lugar o seu terreno separado do restante do mundo, mas para isso, eles teriam de viver dos recursos naturais produzidos na própria ilha, que não era um terreno fértil para a agricultura. Com isso, eles descobriram que se cultuassem os deuses antigos responsáveis pela agricultura, assim como faziam os povos primitivos, talvez, a terra se tornaria fértil. Um antagonismo ao mundo moderno, onde a plantação e a colheita é feita por máquinas que não respeitam o verdadeiro significado da natureza e das forças que a regem.


Então, o dever de Lord Summerisle, é manter a tradição entre a população da ilha, ensinando os cânticos, oferendas, regras e sacrifícios para os deuses ignorando o restante do mundo, transformando as pessoas que compõe a sociedade de Summerisle em fanáticos imersos numa histeria religiosa. Em certos momentos, o filme é um musical, que faz uma alegoria com as histórias dos deuses que eram cantadas em orações e fábulas pelos os povos primitivos, que também acreditavam na liberdade sexual e na fertilidade feminina proporcionada por deusas, que eram uma mistura de ninfas com anjos. Incríveis cânticos etéricos foram compostos para o filme pelo o músico britânico Paul Giovanni. 

O elenco feminino principal composto por Ingrid Pitt, Britt Ekland e Diane Cilento. Está absolutamente deslumbrante, e cabe perfeitamente na intenção subversiva e erótica deste filme, por mostrar um universo feminino mais libertário sem as arbitrariedades impostas por uma sociedade machista e religiosamente totalitária.

O filme é muito bem conduzido pelo o cineasta Robin Hardy que encontrou diversas adversidades na sua produção, não apenas na concepção do filme, mas também na sua distribuição. Quando o filme foi terminado vários foram os estúdios que não queriam se comprometer com algo tão subversivo para a época, mas viam potencial comercial na obra, a única solução era mutilar várias partes do filme, assim eles acreditavam que o público aceitaria melhor a controversa obra. Quando o filme foi lançado nos cinemas, rapidamente ele se tornou em sucesso na Grã-Bretanha, que já estava saturada com as várias produções de horror do estúdio Hammer, se tornando para vários críticos e cinéfilos pelo o mundo afora, um dos melhores filmes britânicos de todos os tempos.


Sobre o autor:

Leandro Godoy é o criador, editor chefe e escritor do site Cinema e Fúria. Gosto dos mais malucos exploitations, aos cultuados filmes de arte até ao mainstream do cinemão pipoca. Meus outros interesses são: odontologia, literatura e música.

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