Medianeras - Buenos Aires na Era do Amor Virtual (Gustavo Taretto, 2010)



                                                                                 TRAILER:


Direção e Roteiro: Gustavo Taretto
Gênero: Romance, Comédia.
País: Argentina

Sinopse: Traçando uma série de conexões entre a arquitetura das grandes cidades, a vida urbana e a internet, o filme acompanha as rotinas de dois jovens habitantes de Buenos Aires, que buscam superar as dificuldades de relacionamento encontradas no mundo metropolitano moderno. 

Analise

As verdades humanas são algumas das maiores fontes de identificação e transfusão emocional entre os personagens de uma narrativa e os espectadores que os acompanham. Explora-las de forma realmente sincera não é a mais simples das tarefas, ao passo que não é difícil topar com histórias nas quais a exposição de sentimentos e diálogos parece incomodamente forçada. Fazer sentir requer, além de coração, habilidade. Essa, que na mão de poucos, recompensa não só com autenticidade, mas também com pequenas obras de arte.

Com monólogos a princípio muito particulares, mas que poderiam encontrar sua voz em multidões, e utilizando-se de um dos melhores e mais espirituosos voice overs que já ouvi, “Medianeras – Buenos Aires na Era do Amor Virtual” constrói, através das reflexões de seus dois protagonistas, Mariana e Martín, uma relação entre a vida excessivamente conectada do mundo moderno, a arquitetura errática da cidade portenha e a solidão urbana que acomete seus habitantes.

Convencido de que as inconsistências estéticas e espaciais da metrópole argentina seriam as grandes responsáveis por todos os tipos possíveis de neuroses, fobias, problemas de saúde e disfunções sociais, muitas das quais ele mesmo padece, Martín busca se reintegrar aos poucos à vida social fora de seu cubículo, que lhe foi sugada pela presença absoluta da internet em sua rotina.


Já Mariana, uma arquiteta que trabalha como vitrinista, se vê imersa na solidão de outro espaço minúsculo, cheio de manequins e angústias existenciais, do tipo que indubitavelmente afligem qualquer um em determinado ponto da vida. Em uma metáfora fantástica que nasce da famosa série “Onde está Wally?”, Mariana se questiona sobre as chances de encontrar a pessoa certa quando se é apenas alguém perdido entre milhões. “Se, mesmo sabendo quem eu procuro, não consigo achar, como vou achar quem eu procuro se nem sei como é?”     
                                                    
E assim, ambos seguem se desencontrando continuamente pelo cenário desordenado da cidade, sem imaginar que, por trás da tela do computador e das medianeras, como são conhecidas as paredes laterais de seus prédios, forradas de anúncios publicitários e nas quais é proibido abrir janelas, se encontra o amor que procuram para sanar suas desilusões.

O filme de Gustavo Taretto é de uma sensibilidade calorosa e ilustra, em um conto local, verdades humanas universais. Javier Drolas e Pilar López de Ayala encantam ao despertar imensa empatia, trazendo à vida personagens que, assim como a maioria de nós, penam, não somente para se relacionar em uma era que simultaneamente aproxima e afasta, física e virtualmente, mas também para lidar com o desenrolar da vida adulta que avança, assim como os prédios de Buenos Aires, sem nenhum critério.   


Sobre a Autora:

Shelsea Hüsch é formada em Rádio e TV e coleciona uma pilha crescente de livros não lidos. Aficionada por todo tipo de histórias, sonha em um dia poder contá-las nas mais diversas mídias. Seus outros interesses são: música, programas de entrevista e seus rottweilers. 

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About inema e Fúria

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