Mad Max (George Miller, 1979)



Direção: George Miller
País: Austrália
Gênero: Ação, Ficção Científica,
Ano: 1979

Sinopse: Em um futuro bem próximo e devastado, uma selvagem gangue de motociclistas dita as regras nas estradas. Aterrorizando civis inocentes enquanto rasgam as ruas, a implacável gangue ri na cara de uma força policial que se desdobra para detê-los. Mas eles subestimaram um tira: Max Rockatansky (Mel Gibson). E quando os motociclistas atacam violentamente o melhor amigo e a família de Max, eles o deixam em um estado de louco frenesi e com um único propósito para viver – vingança!

Análise:

Mad Max é um dos filmes mais icônicos de todos os tempos, não por ser uma ficção científica apocalíptica cheio de questões subversivas e carros turbinados mas por ser o filme que deu um novo panorama para o cinema mundial, uma obra que combinou estilo, personalidade e autenticidade sem cair no piegas. O cineasta George Miller se inspirou no filme O Menino e seu Cachorro de 1975 e Violência por Acidente de 1974 para conceber o roteiro de Mad Max, o ousado cineasta queria realizar um filme de contexto político e apocalíptico mas que seguissem os moldes dos vários filmes lançados na década de 1970 onde os automóveis eram os famosos coadjuvantes. Nada melhor do que criar uma história onde o mundo vive numa decadência onde as fontes naturais foram esgotadas, principalmente os combustíveis fósseis como o petróleo, que é essencial para a sobrevivência do mundo moderno e mecanizado.

Neste filme as estradas são domínios de gangues que tomaram conta de toda subsistência trazida pelas rodovias, implementando a tirania por meio da ultra violência, dando uma nova perspectiva para o progresso que estas estradas representam, uma nova via que leva diretamente para o caos. Para impedi-los, foi criada uma exclusiva força policial no qual Max Rockatansky (Mel Gibson) faz parte.

O cineasta George Miller realizou o filme com $350.000 concebidos quase inteiramente pela Coca-Cola e a outra parte ele conseguiu trabalhando como assistente de um médico de emergências. O filme foi feito em 12 semanas, algo surpreendente para um filme destas proporções com um orçamento tão baixo, o enrendo simplório do filme faz uma total diferença quando é moldado para suprir o conceito dramático e visual proporcionado pela a ação. Mel Gibson com apenas 23 anos de idade foi escalado para viver Max Rockatansky por acaso, ele estava na audiência para o filme mas foi apenas para acompanhar um amigo, quando George Miller o viu, o convidou para fazer um teste para o personagem, detalhe, o que chamou atenção de George Miller foram os machucados no rosto de Mel Gibson, porque ele havia se envolvido numa briga de bar um dia antes.


O filme é profético, uma característica muito comum em obras distópicas que focam na extinção da humanidade pelos seus próprios erros. George Miller não poupa ninguém da brutalidade destes tempos escatológicos, mostrando muito bem isso nas cenas onde a gangue de motociclistas ataca um pequeno povoado e no cruel assassinato da família de Max Rockatansky. Para poupar gastos, George Miller recrutou uma gangue real de motociclistas para participar do filme, isso deu uma veracidade ímpar às cenas onde há uma tensão ameaçadora quando o bando se reúne.

Os carros são personagens a parte no filme, desde as motocicletas personalizadas da gangue de motoqueiros aos hoje em dia considerados vintage Ford Falcon XB sedan, que são os carros amarelos dos patrulheiros rodoviários no filme mas que originalmente eram carros da polícia do estado australiano de Victoria. Mas a grande estrela do filme com certeza é o Interceptor V8 que fez parte deste filme e da continuação The Road Warrior. Logo após a filmagem dos dois longas metragens o Interceptor V8 foi comprado pelo empresário Bob Forsenko,  hoje em dia ele está em exposição no "Cars of the Stars Motor Museum" na Inglaterra

O filme foi todo rodado na Austrália a terra natal de todo seu elenco, as locações são todas reais, inclusive as placas de trânsito bizarras que aparecem no filme, elas realmente estavam nas rodovias australianas onde as cenas foram filmadas. O filme teve que se adaptar ao território norte-americano onde ele é mais conhecido e admirado, muitos ainda pensam que este filme foi feito nos EUA e que não é uma obra-prima do subgênero ozploitation (filmes de exploração feitos na Austrália), estas adaptações podem ser vistas principalmente nos trailers norte-americanos onde existe uma trilha sonora que por sinal é sensacional mas que não está no filme original. Mad Max é uma relíquia do cinema de exploração do final dos 1970 e uma obra-prima do gênero de ação que rendeu mais duas continuações com Mel Gibson no papel que o consagrou. Em 2014 o filme ganhará uma nova adaptação com a mente criativa de George Miller roteirizando e dirigindo novamente, só que agora com um orçamento bem mais pomposo que chega a cerca de $100.000.000.


A resenha deste filme faz parte do projeto do site Cinema Fúria Cinema Grindhouse: 250 Clássicos Revisitados


Sobre o autor:

Leandro Godoy é o criador, editor chefe e escritor do site Cinema e Fúria. Também é escritor do site Obvious e La Parola. Gosto dos mais malucos exploitations, aos cultuados filmes de arte até ao mainstream do cinemão pipoca. Meus outros interesses são: odontologia, literatura e música.
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