TRAILER:
Direção: Cláudio Assis
Roteiro: Hilton Lacerda
País: Brasil
Elenco:
Ângela Leal (Dona Marieta)
Conceição Camarotti (Anja)
Hugo Gila (Bira)
Irandhir Santos (Zizo)
Juliano Cazarré (Boca Mole)
Maria Gladys (Stellamaris)
Mariana Nunes (Rosângela)
Matheus Nachtergaele (Pazinho)
Nanda Costa (Eneida)
Tânia Granussi (Vanessa)
Vitor Araújo (Oncinha)
Análise:
''Ofereça fogo para o incêndio daqueles que o contraria...'' - Zizo (Febre do Rato)
Febre do rato é uma expressão típica do Recife que designa alguém que está fora de controle, que está ''danado'', e o filme de Claudio Assis pode ser definido nesta expressão, um descontrole total da ordem vigente, o caos nos bons costumes dito pela a hipocrisia, a poesia dos puros de espirito que não foram contaminados pela a falta de originalidade e empatia, um filme que tem a mais bela e imaculada filosofia anárquica como um estilo de vida. Aqui a anarquia é desmistificada, esta ideologia não é o que os donos do mundo dizem, ela nada tem a ver com terrorismo, ou com o fim dos tempos como os filmes hollywoodianos impõem, a industria cinematográfica gasta milhões de dólares todos os anos para doutrinar a mentalidade das pessoas através dos seus blockbusters contra o anarquismo, todos os vilões de filmes baseados em HQ são anarquistas, como o recente ''Coringa'' por exemplo. A anarquia é liberdade, é o direito de errar usado na sua mais alta performance, é o pensamento em coletividade afim de se criar um mundo perfeito para todos, sem diferenças e com muito amor, é a mais pura e perfeita utopia, por isso ela é perigosa e por isso o seu conceito é deturpado nas grandes mídias.
Zizo (brilhantemente interpretado por Irandhir Santos) é o editor, curador, produtor, patrocinador e escritor do jornal político anarquista que ele chama de ''Febre do Rato'', Zizo é um poeta que é o porta voz dos que são marginalizados pela a sociedade e pelo governo, um rebelde inconformado com todo este sistema que apenas nutre os ricos e com todo o conformismo dos injustiçados e subjugados que não se rebelam, ele criou um mundo onde a sua religião é o seu sarcasmo perante o sistema, o mangue e as favelas são sua igreja e ele é o profeta do apocalipse. Assim Zizo doutrina seus amigos, que para ele são seus seguidores, para a ideologia anarquista através de poesias que eles dificilmente compreendem, assim o seu mundo se completa e seu ego é nutrido e equilibrado, até aparecer Eneida (Nanda Costa) que irá descontrolar completamente seu mundo o levando a auto destruição.
O filme, filmado todo em preto e branco, trabalha o sexo como algo normal e não tem a convicção de que o corpo é um templo que deve ser imaculado, o corpo é algo que é para ser usado afim de atender nossas necessidades e a hipocrisia e o falso moralismo limitam nossas vontades de experimenta-lo e conhece-lo, tudo o que é dito pela as mídias de controle e manipulação dos nossos desejos primordiais e vitais, como a religião, propagandas, e novelas por exemplo, é falso e devemos nos rebelar contra isso, afinal o experimentalismo é algo fundamental para nossa evolução.
Este filme remete os tempos em que o cinema brasileiro era feito com intenções sociopolíticas com ideologias anarquistas afim de desmistificar a sociedade conservadora, o classicismo, a política opressora, o controle das massas através da mídia manipuladora e a hipocrisia generalizada. Este filme é um remanescente do cinema marginal, um cinema poético, sombrio, politicamente incorreto, subversivo e genuinamente latino-americano que vai na contra mão do cinema institucionalizado e morto da globo filmes. Febre do Rato é ''uma bicuda no ovo direito da ordem'', um filme genial.
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