A Caverna dos Sonhos Esquecidos (Werner Herzog, 2010)



                                                                            Trailer: 





Direção: Werner Herzog
Roteiro: Judith Thurman, Werner Herzog
País: EUA

Sinopse: O célebre diretor Werner Herzog nos leva, mais uma vez, em uma aventura incrível, indo aos limites de um lugar extraordinário. Superando desafios consideráveis, Herzog registra a impressionante imponência da caverna de Chauvet, no sul da França, onde foram descobertas as mais antigas pinturas rupestres do mundo. Herzog revela um mundo subterrâneo de tirar o fôlego, incluindo obras de arte com 32 mil anos de idade com seu estilo inigualável. Com sua narração bem-humorada e envolvente, Herzog reflete sobre o nosso desejo primordial em se comunicar e representar o mundo à nossa volta, a evolução e o nosso lugar nela, e, em última instância, o que significa ser humano. Ao fazer o documentário, apresentado pela primeira vez no Festival Internacional de Cinema de Berlim, o cineasta Werner Herzog, de 68 anos, realizou um sonho de infância. Herzog, ainda menino, arranjou um trabalho só para comprar um livro sobre pinturas rupestres, e o seu sonho virou realidade quando ele teve acesso à caverna de Chauvet-Pont-d'Arc, descoberta na década de 90, com mais de 400 pinturas rupestres.

Análise: 

A Caverna dos Sonhos Esquecidos é uma obra de uma sensibilidade extrema, é uma ode à nossa existência que vai além da carne, sangue e tecnologia. Nós seres humanos nos diferenciamos das outras espécies por sermos sensitivos e adaptativos e não por causa de nossa inteligencia, até porque não somos inteligentes, estamos longe disto. O documentário dirigido pelo o gênio Werner Herzog nos faz pensar em tudo isto através de um longínquo passado, representado por desenhos rupestres feitos por seres humanos na parede de uma caverna, datados de 35.000 anos atrás, bastante preservados e melancolicamente vivos.

 A caverna de Chauvet localizada no sul da França é uma imponente caverna que guarda estes registros milenares. Quando Werner Herzog nos leva para dentro da caverna através de sua câmera, já sentimos a claustrofobia nos sufocando, causando ânsia e agonia. Quando ele penetra ainda mais na caverna este sentimento ruim logo se esvai dando lugar a uma nostalgia genética, ou seja, aquilo de alguma forma nos parece familiar mesmo sendo uma realidade de nossos antepassados a milhares de anos esquecidos. Quando as pinturas rupestres vão aparecendo no filme, vemos que a vontade de se comunicar e deixar algum conhecimento adquiro durante uma vida para a prosperidade não é só uma vontade dos homens mais evoluídos, ali vemos como a natureza há 35.000 anos atrás estava em sua perfeita simbiose desde o aparecimento do homo sapiens, naquela era o homem sabia viver em harmonia com a natureza e todos os seus sentidos.

As pinturas rupestres desta caverna representam a magnitude de cavalos selvagens, rinocerontes, leões da montanha, ursos das cavernas e mamutes aos olhos do homem que absorvia os conhecimentos da natureza usando seu espírito e instinto evoluídos providos da consciência do seu lugar no mundo, usando de sua inteligencia apenas para a sobrevivência e perpetuação de sua espécie. Aos olhos do tempo, somos uma espécie complexa e auto-adaptativa mas também parasita, que de alguma forma nos adaptamos ao mundo destruindo-o e também inventando-o, substituindo a natureza com nossas criações artificiais e efêmeras.

Sentimos durante o filme, como se os homens que fizeram estas pinturas estivessem incomodados com nossa presença na caverna, como se eles estivessem envergonhados de ver o que nos tornamos, dizendo que deixem esta cápsula do tempo em paz, nós não a merecemos. Algumas perguntas existenciais são impossíveis de não se fazer ao término deste filme, com toda a narrativa transcendental e poética de Werner Herzog. O que deixaremos para a geração futura? Será que voltaremos a ser homens das cavernas ou seremos apenas extintos por nossa própria ignorância? Se sobrevivermos, como a geração futura que será mais evoluída, nos verá com todas as mensagens que deixaremos imortalizadas nas redes sociais e nas nossas facilidades tecnológicas que já se tornaram parte de nossa identidade como carros, computadores e celulares? Será que deixaremos nossa espécie evoluir? Estas foram as minhas perguntas, quais serão as suas?



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