TRAILER:
Direção: Robert Rodriguez, Frank Miller
Roteiro: Frank Miller
Gênero: Ação, Policial, Thriller
País: EUA
Sinopse: Dwight (Josh Brolin) tem seu confronto final com a mulher dos seus sonhos e pesadelos, Ava (Eva Green). Ela consegue ler mentes e transforma-se exatamente no que os homens desejam. Repleta de mulheres fortes, anti-heróis e vilões cruéis, seus caminhos se cruzam pelas ruas e bares da cidade do pecado.
Análise:
A nova adaptação para o cinema dos quadrinhos undergrounds de Frank Miller é uma grande homenagem ao gênero noir e as histórias policiais pulps que faziam parte do movimento contracultural norte-americano nos meados dos anos 1960. O filme segue a mesma proposta do seu antecessor mas peca ao não ter a mesma disposição na formação da narrativa visual, que mescla preto e branco com detalhes coloridos que através de um vislumbre, nos faz notar detalhes escondidos na personalidade de cada personagem. Neste filme, a colorização das cenas é algo disforme sendo usado como um artifício com pretensão chamativa, forçando a atenção. Mesmo assim, apesar destes defeitos que subvertem as sensações propostas pelo o apelo visual do primeiro filme, a fotografia continua sendo um deslumbre.
Neste filme, os idealizadores do projeto, Frank Miller e Robert Rodriguez preferiram não seguir a mesma linha ideológica do primeiro Sin City adaptando as histórias cultuadas dos quadrinhos, mas optaram em adaptar apenas A Dama Fatal e o conto de introdução do filme e escrever outras duas histórias exclusivas e inéditas. Esta opção não foi uma das mais acertadas, o universo de Sin City nos quadrinhos é amplo com histórias geniais que caberiam perfeitamente no cinema, como a imensa obra Sin City: De Volta ao Inferno, Sin City: Balas, Garotas e Bebidas e Sin City: Noite da Vingança.
A escolha do elenco é um ponto positivo deste filme, a dama fatal Eva Lord não poderia estar melhor representada do que pela a estonteante Eva Green, uma femme fatale que usa de sua sensualidade para persuadir os homens a atender seus mais sádicos desejos, alimentando assim sua obsessão pela vaidade e sua insaciável ganância. Sin City II é um espetáculo ultra violento que poderia ser menos apelativo e trabalhado de uma forma despretensiosa, já que o próprio universo underground da cidade do pecado é violento por natureza.
A personagem que faz parte de todas as histórias do filme, tendo uma participação simplória mas não menos importante na trama, é Marv, novamente interpretado por Mickey Rourke que está totalmente à vontade no personagem que ele imortalizou na sétima arte. A história de introdução do filme, é uma adaptação de um conto escrito e desenhado por Frank Miller para a revista Sin City, que possui Marv como protagonista.
Josh Brolin faz Dwight a personagem interpretado por Clive Owen no primeiro filme. Nas histórias em quadrinhos A Dama Fatal antecipa A Grande Matança que é o segmento de Clive Owen. Aqui, a personagem interpretado agora por Josh Brolin, possui uma personalidade muito mais complexa e sombria, enfrentando demônios internos que desencadeiam conflitos morais e existenciais criados à partir de uma obsessão em uma mulher fatal que para saciar seus desejos mais infames, o fez adentrar no pecado de Sin City e em toda sua imoralidade, perversão e matança que acompanham suas entranhas. Quando ele consegue seguir o caminho da redenção fazendo trabalhos de detetive para ricaços corruptos, ela aparece novamente, desestabilizando seu frágil estado psicológico. A Dama Fatal foi adaptada de forma fiel aos quadrinhos.
As outras duas histórias foram criadas por Frank Miller para o filme, uma conta a trajetória de Johnny vivido por Joseph Gordon-Levitt, que é um vigarista e jogador de pôquer profissional que busca o reconhecimento do pai, um senador poderoso e corrupto, tentando humilhá-lo na mesa de cartas. Esta é uma história com uma narrativa muito bem bolada, mas comparada aos quadrinhos, histórias como esta é apenas um aperitivo sem graça. A outra história é a de Nancy, vivida por Jessica Alba, que busca a vingança para a morte de seu amado Hartigan (Bruce Willis), uma história desnecessária que tenta forçar um paralelo com o primeiro filme. Então, para quem assim como eu é fã de Sin City e de suas histórias desencontradas e undergrounds, ficarão satisfeitos com este segundo filme, mas infelizmente não sentirão aquela sensação de terem visto algo épico e revolucionário, assim como foi na obra-prima de 2005, Sin City: A Cidade do Pecado.
Sobre o autor:
Leandro Godoy é o criador, editor chefe e escritor do site Cinema e Fúria. Gosto dos mais malucos exploitations, aos cultuados filmes de arte até ao mainstream do cinemão pipoca. Meus outros interesses são: odontologia, literatura e música.
0 comentários:
Postar um comentário