Birdman (Alejandro González Iñárritu, 2014)

Direção:  Alejandro González Iñárritu
Gênero: Comédia, Drama
País: EUA

Sinopse: Um ator (Michael Keaton) – famoso por interpretar um icônico super-herói – faz de tudo para montar uma peça na Broadway. Às vésperas da estreia, ele vai lutar com seu ego e tentar recuperar sua família, sua carreira e ele mesmo.


Análise:


O novo filme do cineasta Alejandro González Iñárritu é uma grande sátira a indústria do cinema que se dedica ao entretenimento efêmero visando lucros astronômicos em bilheterias, uma paródia de tudo que a industria cinematográfica representa como um negócio multimilionário, o culto à celebridades, e de como isso deturpa o que a sétima arte realmente representa.

Esse filme possui várias facetas que já foram magistralmente narradas por dezenas de outros filmes norte-americanos, que de forma muito mais subversiva e ousada criticam hollywood e todas suas perdições. Michael Keaton interpreta um ator que em tempos de outrora foi um grande astro de hollywood que vivia no cinema a personagem baseado nas histórias em quadrinhos chamado Birdman, seus filmes foram sucessos de bilheteria cominando em sua fama que da mesma forma repentina que veio se extinguiu, deixando para trás um rastro de remorsos, falência e decadência. Então, tentando recuperar sua carreira e sua vida familiar, ele escolhe o caminho para o lugar mais provável de se reviver das cinzas causando um assombro nostálgico nos fãs que o acompanhavam e nos críticos que o ridicularizavam, produzindo, dirigindo, roteirizando e atuando um espetáculo num icônico teatro da Brodway.

A forma como Alejandro González Iñárritu conduz a narrativa impressiona pela a quantidade de ângulos captados pela câmera em espaços claustrofóbicos nas mais variadas cenas que se passam dentro do teatro, onde o filme é rodado em quase toda sua duração. Além disso ele é editado para que se pareça que foi filmado num único plano-sequência, dando origem a um espaço fílmico hipnótico, algo que foi muito criticado por dezenas de ''críticos'' caretas que adoram inflar seu ego mostrando todo seu conhecimento sobre cinema numa única resenha, dizendo: ''Alfred Hitchcock, Jean-Luc Godard, Brian De Palma, Andrei Tarkovski, Alexandr Sokurov que são os gênios do plano-sequência e não este cineasta pretensioso'', como se esta técnica fosse algo restrito somente dos grandes mestres e qualquer outro artista que empregá-la estará cometendo um sacrilégio, opinião oriunda da inevitável virtude da ignorância.


Birdman também brinca com a velha rixa que há entre obra, autores e críticos. A rivalidade que existe desde os primórdios do cinema que destroem reputações ou criam lendas. Birdman toca na ferida extrapolando todos os clichês sobre esta rivalidade, algo corajoso, já que o clichê é visto como algo ruim e não como um bom argumento para se mostrar um ponto de vista, dependendo do caso.

A escolha da narrativa através do plano-sequência faz com que adentremos nessa história tragicômica vivida pela personagem de Michael Keaton de uma forma singular, acompanhando a loucura tomando conta de sua psiquê, algo que proporciona cenas magistrais de pura lisergia cinematográfica, e de como o espetáculo teatral que ele arriscou tudo para conceber, se torna num retrato deturpado dele mesmo. Os atores secundários do filme composto por Edward Norton, Emma Stone, Naomi Watts, Zach Galifianakis, Andrea Riseborough estão sublimes em seus papéis, destaque para Edward Norton que faz um egocêntrico ator refém de sua própria vaidade e arrogância.

Birdman supera expectativas desde que quem o assista não se importe em ver clichês estampados de forma indiscriminada, que não se importe com a fama que o filme gerou e nem com as várias piadas perniciosas sobre o meio cinematográfico, principalmente sobre tudo de controverso que compõe o mainstream hollywoodiano, como críticos de cinema ortodoxos, blockbusters e celebridades vazias massificadas pela cultura popular. Birdman realmente é um filme pretensioso e cheio de clichês mas isso não o atrapalha, ao contrário, só enfatiza toda sua grandiosidade.


Sobre o autor:

Leandro Godoy é o criador, editor chefe e escritor do site Cinema e Fúria. Também é escritor do site Obvious e La Parola. Gosto dos mais malucos exploitations, aos cultuados filmes de arte até ao mainstream do cinemão pipoca. Meus outros interesses são: odontologia, literatura e música.
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About inema e Fúria

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