Trailer:
Direção: Takashi Miike
Roteiro: Takashi Miike, Yûsuke Kishi
País: Japão
Sinopse: Um professor chamado Seiji Hasumi que é amado por seus alunos e respeitado por seus colegas. Mas sua charmosa aparência externa esconde sua verdadeira natureza. Na realidade, Hasumi esconde um segredo que não permite que ele sinta empatia por qualquer ser humano, tendo uma séria desordem de personalidade anti-social
Análise:
Takashi Miike sempre foi um cineasta nada convencional, em cada novo filme ele tenta se reinventar mesmo que a temática de suas obras sejam semelhantes. No seu novo filme Lesson of the Evil/ Aku no kyôten ele volta ao gênero que lhe deu fama, o horror, só que de uma forma singular focando em assuntos polêmicos e controversos. Mesmo se utilizando de uma linguagem surreal e nonsense se inspirando em mangás (estórias em quadrinhos japonesas) ele consegue criar um espaço fílmico que remete a realidade contando a estória de um psicopata que facilmente se infiltra no cotidiano normal de pessoas ditas normais e sem que elas percebam as manipulam para seu bel prazer e sadismo. Como é de praxe nos seus filmes, a estória é contada de forma singela fazendo nos identificarmos com as personagens até o derradeiro e alucinante final, que mesmo podendo parecer tardio, depois que aparece os créditos finais, vemos que ele foi precoce por não estarmos preparados para as cenas chocantes.
O filme se concentra no pacato professor de inglês do ensino médio vivido por Hideaki Ito que é amado por seus alunos por ser complacente e generoso mas que esconde em seu interior um verdadeiro monstro. Ao longo do filme ele vai se revelando e àqueles que tanto o preza por amarem sua superfície de bom moço serão as suas vítimas mortais. Miike não perdoa e mostra de forma exagerada a explosão deste monstro que armado com uma espingarda e sem nenhuma clemencia ele tranca seus alunos dentro do colégio e os caçam como animais protagonizando uma verdadeira chacina. O filme cria uma alusão a toda onda de massacres dentro de instituições de ensino nos EUA e Japão cometidos por pessoas consideradas normais.
O cineasta sempre foi um adepto da forma de se fazer cinema de horror no Japão, aliás ele é um dos grandes artistas neste segmento, que usa o choque visual de forma pretensiosa e muito bem impregnada afim de balançar nossas estruturas psicológicas. Aqui o gore tão frequente nos seus filmes aparece em momentos cruciais e derradeiros, é mais contido, focando mais no thriller psicológico.
O visual de seus filmes sempre foram deslumbrantes, para os que são adeptos da cultura pop e conhecem a estrutura rítmica dos mangás japoneses que não possuem limites na construção sequencial no decorrer da estória que está sendo contada e visualmente são impactantes e fantásticos, os filmes de Miike são um banquete, ele claramente é um fã da nona arte e a linguagem visual dos seus filmes são amplamente inspiradas na arte sequencial japonesa. Aliás, este filme é uma adaptação da obra homônima criada por Yusuke Kishi, um mangá underground bastante conhecido no Japão.
Apesar do final não ser explicativo deixando mais perguntas do que respostas com um ganço para uma sequência, o filme compensa por sua ousadia e vemos aqui o Miike que a muito tempo não presenteava seus fãs com aquilo que ele faz de melhor, HORROR.
0 comentários:
Postar um comentário